Certo dia, minhas amigas e eu combinamos de nos encontrar no shopping para almoçarmos juntas e bater papo. Como se praxe, eu cheguei no horário certo, mas elas se atrasaram e, para passar o tempo, nada como dar uma volta em uma livraria. Um livro pequeno, de capa laranja, me chamou atenção, não apenas pela capa vibrante, mas por ser de poesia e, portanto, rápido de se ler. Uma ótima opção quanto você não sabe quanto tempo terá para leitura, pensei comigo. Me sentei em uma poltrona da livraria, sem muita pretensão, e devorei aquelas páginas com uma voracidade que eu não sabia ter.
Cada poema novo lido parecia um alimento novo para o meu cérebro faminto. Minhas amigas chegaram, eu não estava nem na metade do livro e o dinheiro do mês estava curto. Não há dúvidas que levei o coitadinho do livro com capa laranja para casa. Como poderia abandoná-lo na estante daquela livraria depois de bons momentos juntos?
E foi assim que 50 poemas de revolta entrou na minha vida. Não por estar revoltada pelo atraso das minhas amigas ou algo do tipo. Foi obra do acaso. Eu juro.
Fonte: Companhia das Letras (Facebook)Claro que, só por ter Drummond e Vinícius, o livrinho já me encantou, porém não foram só esses mestres que ganharam o meu coração naquela tarde. A antologia me apresentou Torquato Neto, Chacal e outros tantos autores contemporâneos que dificilmente leria na minha vida. Ok, talvez na universidade, mas provavelmente não.
É engraçado como certos livros mudam, mesmo que minimamente, nossas vidas, não é?
Como o título sugere, os poemas escolhidos para compor o livrinho laranja abordam temas difíceis de digerir e que, por isso, transbordam a revolta dos autores para o leitor. O mais comum é a desigualdade social, mas não só: o machismo, a intolerância e a política, por exemplo, são assuntos que abarcam os poemas brasileiríssimos dessa antologia que, apesar de pequena no tamanho, é riquíssima em conteúdo.
Além de riquíssima, 50 poemas de revolta é totalmente pertinente e atual com esse momento conturbado que nós, brasileiros, estamos passando, não é mesmo? Um livrinho laranja mais que necessário, eu diria.
Alameda Literária 
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